O trabalho resulta da articulação entre duas esferas de investigação projetual. A primeira opera sobre a redefinção do paradigma da infraestrutura urbana. A segunda opera na construção de formas de imaginário popular atuantes sobre o uso do espaço.

Tecnicamente, busca alternativas de reconciliação da favela com as águas. A estratégia  é distinguir fluxos. Mantém na superfície do canal apenas o de base, acrescido de vazões de cheia controladas e compatíveis com a densidade do tecido urbano. O fluxo das grandes chuvas é direcionado para uma galeria extravasora. O córrego, uma vez reprogramado, se configura em uma das principais estruturas locais, potencializado por dinâmicas de uso que o resguarda de futuras invasões.

O projeto do canal, não mais visto apenas como produção de um artefato técnico, deixa-o aberto a inúmeras possibilidades de resignificação por parte da população. O intuito é promover a construção do domínio público. A estratégia é associar os espaços livres aos usos que a cultura da praia urbana nos evoca. Pois reconhecemos que, na praia, as formas expontâneas de negociação do uso do espaço tornam a coexistência ativa e desejável.