A futura construção da Pinacoteca Liceu consolidará a decisão estratégica da Pinacoteca do Estado de São Paulo de se instalar em uma rede articulada de edifícios marcantes no centro de São Paulo. A nova unidade ampliará a relevância da instituição e reforçará sua ação na recuperação dos valores de uso e simbólico do centro da metrópole.

O projeto da nova Pinacoteca Liceu deverá afinar-se com essa política de maneira a promover as seguintes ações:

Criar um lugar de rico convívio social, como um genuíno espaço público, em falta no entorno imediato da área.

Oferecer suas áreas livres enquanto praças e jardins urbanos abertos à vizinhança, dimensionados de modo a promover a necessária transição entre a ruidosa cercania e os espaços recolhidos da atividade museológica.

Referenciar a paisagem de São Paulo, carente de marcos adequados, através de uma forte presença no panorama urbano, reafirmando o estatuto público da Instituição.

Conformar edifícios simples e bem construídos, à semelhança e em sintonia com os antigos pavilhões industriais que se encontram na área, cuja arquitetura foi originada por demandas específicas.

Constituir um conjunto edificado feito de partes equivalentes, sem predomínio do novo sobre o histórico e vice-versa. E ser capaz de restaurar a beleza da estrutura e das luzes do pavilhão histórico e torná-lo peça vital desse conjunto edificado.

Conformar um recinto espacialmente adequado, flexível e aberto às múltiplas interlocuções sugeridas pela arte contemporânea.

Responder com eficiência às demandas das reservas técnicas da Pinacoteca, Museu da Casa Brasileira e Museu de Arte Sacra. Resguardar a autonomia de gestão e de conservação de cada coleção específica. Manter o acervo fora das cotas mais vulneráveis à enchentes. Contar com construção de grande capacidade de isolamento térmico, capaz de minimizar as variações de temperatura e umidade nos seus espaços.

A Pinacoteca Liceu deverá ser acima de tudo um lugar das artes. Deverá ter as exposições - a face pública dessa vocação - no centro das suas instalações, ao alcance do maior número de pessoas, de um lado e do outro, de dentro do lote e mesmo das ruas. Um lugar que sirva muito bem à livre especulação própria da arte que está em gestação, da arte contemporânea, com diversidade de situações expositivas, desde as mais formais e controladas, do ponto de vista climático inclusive, às mais eventuais e mesmo inesperadas, que permitam múltiplas possibilidades de experimentação e percepção.

Portanto, diferentemente do referido em relação às reservas técnicas, que deverão ser exatas na sua constituição e operação, as áreas expositivas deverão ser organizadas e articuladas por instalações flexíveis e móveis, com limites que ao se desfazerem permitam que o programa expositivo, em uma relação fluída entre o interno e o externo, o controlado e o livre, contamine e anime os espaços públicos de acolhimento, convívio e circulação entre as duas frentes, endereços na cidade.

Enfim, a Pinacoteca Liceu deverá ser sediada em um conjunto edificado que restaure o valor da arquitetura de caráter fabril, onde o protagonismo seja reservado ao trabalho, aos ofícios e às artes.