São Paulo terá que enfrentar consistentemente o problema da gestão dos seus recursos naturais de modo sustentável e racional.

Nesse contexto, uma ação eficaz de reconfiguração urbana de uma área extensa como a proposta no concurso de idéias para um novo bairro na Água Branca, só poderá ser desencadeada através de um planejamento infra-estrutural da região. Intervir nessa
escala, portanto, significa definir essencialmente o desenho dessa infra-estrutura urbana. Isto é, dar formas legíveis a uma ação estratégica do poder público.

Nessa reflexão por um outro modelo urbanístico, a associação entre as questões viárias e hídricas, em São Paulo, constituem-se mais uma vez em tema de projeto, desde que pautados por uma postura crítica
conseqüente.

A proposta de novas estações de trem nas linhas preexistentes desempenham esse papel estratégico enquanto locais de mediação de escalas, vínculos entre o sistema de mobilidade metropolitano e as localidades. Um sistema que contempla o transporte público de massa e não poluente.

Organizam-se em nosso projeto como pólos que recebem equipamentos públicos, serviços especiais e unidades de habitação de interesse social. Outra questão refere-se à definição dos espaços públicos. Os lugares historicamente consagrados pelo uso público mais intenso são aqueles situados em áreas de ampla acessibilidade e circulação, e por isso
atravessados por usos dinâmicos. Lugares que recuperam a rua como lugar por excelência de  animação e sociabilidade cotidiana.

Dessa convicção surgem os espaços de recreação e encontro nesse projeto que buscam a proximidade com os sistemas de circulação e com a água. Um modo de reinventar usos mais generosos da cidade, remetendo-se a um espaço de lazer mais do que consagrado no imaginário brasileiro: a praia urbana.

A praça de água resultante caracteriza tanto o sistema de espaços públicos do bairro, quanto o sistema técnica de drenagem, tratamento e reuso dos recursos hídricos.
Fruto do afloramento do lençol freático não comprometido ambientalmente, define uma marcação identitária na paisagem do bairro, referenciando-o espacialmente. Uma escritura de água no território da várzea. Técnica e simbólica. Rigorosa e cristalina.